VERSÍCULOS BÍBLICO

Apocalipse

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O princípio da Restituição Divina


Obadias 
O Princípio da Restituição
Divina

Se te elevares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, dali te derrubarei,diz o Senhor.

-Obadias 4

Por que o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo;
a tua maldade cairá sobre a tua cabeça.

-Obadias 15

Introdução

Irmãos costumam ter diferença entre si. Tais diferenças sã saudáveis, distinguem - nos de forma natural, 
não apenas em questão de aparência, mas também na forma de pensar, objetivos e maneira de vestir.
Mas quando essa diferença criam pendências por eles, a unidade familiar pode estar apresentando 
rachadura. A vida familiar não é tão fácil quando se pensa. As diferenças exitem. O problema existe 
quando as diferenças induzem os parentes à malignidade ou à prática de covardias, então teremos uma
situação semelhante à que foi citada por Obadias em sua profecia.

Quem Foi Obadias

Além do nome, que significa "servo de Deus", nada mais se sabe sobre Obadias. Ellisen, escritor e
pesquisador do Antigo Testamento, defende que esse era " um nome comum no Antigo Testamento,
semelhante a Onésimo no Novo Testamento ou Abdulá em árabe". Sabe-se que ele estava na cidade de
Jerusalém quando os edomitas participaram do ataque contra a cidade e maltrataram os sobreviventes
dessa investida invasora.

Sua Mensagem

Obadias traz sua profecia contra os descendentes de Esaú, os edomitas. Os "irmãos" dos israelitas seriam
duramente julgados pela forma com que os trataram quando estavam sendo atacados pelos invasores.
Esse tratamento desprezível dado ao povo de Deus em um momento em que estavam vulneráveis foi
motivo suficiente para que Deus declarasse a queda de Edom.
Relatos nos dizem que a maldade dos edomitas chegou ao cúmulo de preparar armadilhas para os
israelitas que conseguiam escapar da cidade com vida:

Refugiados judeus, para salvarem sua vidas, correram para a nação vizinha de Edom, primos raciais que
como Judá, eram descendentes de Abraão e Isaque. Mas Edom recebeu seus primos? Não, Edom lhes preparou uma emboscada. Então Edom  os prendeu, e os entregou aos invasores, e saqueou de Judá tudo
o que tinha ficado para trás.
Os muitos pecados de Israel foram o motivo de seu exílio e da perda temporária da de sua nação.
Mas isso não era motivo para que Edom aproveitasse  a situação e colocasse em prática seu desprezo
pelos israelitas, tratando-os com malignidade.

Em que Aspecto Obadias
Fala Conosco

Para que possamo entender o livro de Obadias, precisamos ter em mãos um breve resumo da história
de Israel. O profeta trata de duas nações, Israel e Edom, mas refere-se a elas por meio da citação de seus
antepassados, Esaú e Jacó. Isso ocorre porque era comum para os hebreus identificar as pessoa utilizando
o nome de seus antepassados. Ao longo da história entre Israel e Edom, houve momentos de animosidade,
e isso perdurou por muitos anos, despertando e mantendo acesa uma inimizade entre esses dois povos descendentes de Abraão.
Apesar da animosidade entre esses dois grupos, a recomendação divina  aos israelitas era que tratassem
os edomitas com respeito, da mesma forma que deveriam tratar os egípcios: " Não abominaras o edomita,
pois é teu irmão; nem abominaras o egípcio, pois estrangeiro foste na sua terra" (Dt 23.7). Essa recomendação os edomitas não seguiram.
O problema foi a atitude de Edom no momento do juízo de Deus.
Os edomitas foram condenados não apena porque se mantiveram distantes e alegres quando seus parentes
estavam sendo atacados.Eles foram condenados porque, além de observar o que estava acontecendo,
participaram do ataques contra os sobreviventes. Mas seu julgamento não tardaria a vir.

... embora estivessem relacionados por parentesco com Judá, [os edomitas] também não escapariam do juízo. A águia Babilônica voaria rasante e se apoderaria da sua presa, consumindo-lhe a carne, deixando
os ossos à vista. Mesmo assim, o Senhor não permitiria que Moabe e Amom desaparecessem da terra.
Mas a respeito de Edom, este jamais se recuperaria, perdendo seu lugar na terra, como Sodoma e
Gomorra.

Quanto aos israelitas, eles seriam restaurados, e teriam suas terras de volta, além de possuir as terras de seus inimigos também:

E a casa de Jacó será fogo; e a casa de José, chama; e a casa de Esaú, palha; e se acenderam contra eles e os consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o Senhor o disse. E os do Sul possuirão as montanhas de Esaú  [a terra dos edomitas]; e os das planícies, os filisteus; possuirão também os campos de Efraim e os campos de Samaria; e Benjamim, Gileade. (Ob 18,19)

Deus se encarrega de julgar nossas falhas, com certeza, mais isso não deve servir de motivo para que
aproveitemos da desgraça  alheia e nos regozijemos de nossos desafetos quando eles estiverem sendo
julgados. Como já foi dito, os israelitas estavam sendo julgados por Deus, por causa de seus pecados.
Até ai, Edom não tinha qualquer ingerência a ponto de receber uma dura palavra da parte do Senhor.
Mas quando Edom se propôs a ataca os israelitas e mata-los, e entrega-los aos inimigos, então Edom caiu
na mesma sentença que foi dada aos israelitas: eles seriam julgados e exterminados, e suas terras,
dadas aos que antes tinha atacado.
Deus não espera que venhamos a dar uma "forcinha" na forma com que Ele decide exercer seus juízos
para com as pessoas. A ira do homem não opera a justiça de Deus. Por isso, deixemos que ele ajuste as contas com os que nos perseguem, pois os tratará com um grau de justiça diferente do nosso.

O Deus da Retribuição

Deus tinha seus motivos para abater Edom. Ele nunca age trazendo julgamento sem uma razão coerente.
Os edomitas tinham uma razão para se sentirem seguros em relação às suas atitudes. Edom estava situada em uma região de montanhas rochosas, ao sul do mar Morto. Nessa região avia pastos e irrigação generosas, e a capital de Edom era Sela, hoje Petra, cidade que foi esculpida no alto de um penhasco. O local tinha um recuo suficiente para permitir que o vale fosse bem observado. Com isso os edomitas tinham bastante mobilidade para sair de seus lugares, promover ataques e retornar em segurança. Seu senso de segurança baseava-se mesmo na geografia do lugar em que viviam. Pense em morar em uma região como está:

Essa altitude de 1200 a 1700 metros tornava a região de fácil defesa, e ela estava de fato, protegida por uma série de fortalezas rochosas construída para vigiar as estradas que rodavam os precipícios e margeavam gargantas ameaçadoramente profundas. Estas defesas naturais contribuíam para o orgulho de Edom.

Esse foi o primeiro elemento que os fez ser pessoas seguras de suas atitudes. Sua segurança geográfica não os fez reconhecer que tinham sido beneficiados por Deus.
Na verdade, tornou-os soberbos. Um segundo elemento foi histórico de relacionamento entre Edom e Israel. Mesmo sendo parentes, jamais ouve paz entre eles. Quando Moisés precisou passar pelo território
deles, na ocasião do êxodo do Egito à Palestina, eles negaram a passagem ao povo de Deus (Nm 20.14-21). Além disso, os edomitas estavam sempre com ânimo pronto a ajudar qualquer grupo que fosse contrário a Israel. A Bíblia registra, pelo menos, quatro ocasiões em que os filhos de Esaú pilharam os israelitas: no reinado de Jeorão (2 Cr 21), no reinado de Amazias (2 Cr 25), no reinado de Acaz (2 Cr 28)
e no reinado de Zedequias  (2 Cr 36). Essa animosidade nunca foi bem vista por Deus. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje mostra

O Senhor diz ao povo de Edom: "Vocês maltrataram e mataram os seus irmãos, os descendentes de Jacó.
Por isso, vocês serão destruídos, e a desgraça os acompanhará para sempre. Quando o inimigo derrubou os portões de Jerusalém, entrou na cidade e tirou todas as coisas de valor, vocês não se importaram com isso. Quando aqueles estrangeiros tiraram a sorte para ver quem ficava com as riquezas, vocês fizeram a mesma coisa. Mas você não devia ter ficado alegres com a desgraça dos seus irmãos Judá; não deviam ter olhado
com prazer quando eles foram destruídos; não deviam ter zombado deles quando eles estavam aflitos.
Quando o meu povo foi derrotado, vocês não deviam ter entrado em Jerusalém, nem deviam ter ficado alegre com a desgraça deles. Quando eles sofreram a derrota, vocês não deviam ter roubado o seus bens;
não deviam ter esperado nas encruzilhadas para matar os que procuravam fugir, nem deviam ter entregado
ao inimigo os que escaparam com vida." O Senhor Deus diz: "Está chegando o dia em que eu vou julgar todas as nações. Ai de vocês, edomitas, pagarão pelas suas maldades; aquilo que vocês fizeram com outros
será feito com vocês. (Ob 10-15, NTLH)

Isso pode nos servir como uma série de advertência. Pensemos em nós mesmos. Não são poucas as vezes
em que, mesmo na igreja, somo tentados a tratar de forma carnal pessoas com as quais não nos identificamos. Isso é errado. Quando agimos assim, estamos bebendo da mesma água do edomitas.
Há situações em que somos confrontados a falar a verdade sobre certas pessoas. Se você é chamado para prestar esclarecimento sobre o comportamento de uma pessoa, sendo esse um comportamento reconhecidamente impróprio, seja no trabalho, seja em casa, ou mesmo no ministério, é prudente que você fale. Há pessoas que usam o nome do Senhor  para ocultar seus erros e desvios de conduta, e isso fere a honra não apenas da igreja como um todo, mas também de Deus. Ainda que isso venha acontecer, que tais palavras sejam verdadeiras e isentas de um sentimento de vingança, pois Deus irá julgar nossas atitudes.
Paulo, ao escrever aos romanos, disse que "Se for possível, quanto estiver em vós, tendes paz com todos os homens" (Rm 12.18). Esse versículo traz uma observação  muito transparente acerca de nossas relações pessoais: nem sempre teremos paz com todas as pessoas. Apesar disso, não podemos nos furtar à prática da bondade e da oração por aqueles que nos consideram adversários.

Ouviste que foi dito: Amarás teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filho do Pai que está nos céus; porque faz que o sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes o que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? (Mt 5.43-46)

Esse texto é de estremo mau goto para o nosso ego. Ficamos felizes quando lemos o pensamento judaico de retribuição nos relacionamentos pessoais (na verdade, esse pensamento espelha de forma bem ampla o sentimento universal, e não apenas o pensamento judaico dos dias de Jesus), mas somos confrontados com o "Eu, porém, vos digo" de Jesus.
Deus sabe que se fizermos justiça por meio do nosso senso de justiça, a verdadeira justiça jamais se manifestará. Paulo diz ao cristãos romanos: " Não vos vigueis a vó mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor" (Rm 12.19). Essa palavra é tão válida para nós quanto o foi para os romanos. Precisamos sempre tomar cuidado com possibilidade de "tirar uma caquinha" de nossos inimigos no dia em que o Senhor os julgar. O escritor aos Hebreus traz essa mesma ideia, ma com um acréscimo: "Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo" (Hb 10.30). O acréscimo vem na parte final: "O Senhor julgará o seu povo". Isso deve no fazer andar em temor, pois "Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?" (1Pe 4.17). Essa é uma mostra do padrão de justiça divina. Com Deus não tem coerência o ditado corrente entre estudante de Direito que diz "Aos amigos, a lei; aos inimigos, os rigores da lei". Ele vai começar o julgamento dentro de sua própria casa. E para que não sejamos surpreendidos por tal evento, andemos em conformidade não apenas no relacionamento com Deus, mas também com nosso próximo e também até com nossos adversários.

O Livro

O livro de Obadias tem 21 versículos, assim dispostos:

I. O Julgamento de Edom, 1-9

II. Razões para o Julgamento, 10-14

III. O Dia do Senhor, 15-21

Profecias Cumpridas em Obadias

Deus convoca as nações para que destruam Edom (v.1). De acordo com Lawrence O. Richards, "as  impressionantes profecias de destruição foram cumpridas logo após,, quando Edom acabou sendo destruída por Nabonido, o último dos governantes babilônicos". Portanto, não tardou a queda daquele povo.









segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Para refletir: Pastor se disfarça de mendigo antes de pregação e veja o que aconteceu O pastor Jeremias Steepek Caminhou ao redor da igreja por 30 minutos enquanto ela se enchia de pessoas para o culto. Somente 3 de cada 7 das 10.000 pessoas diziam "oi" para ele. O pastor Jeremias Steepek se disfarçou de mendigo e foi a igreja de 10 mil membros onde ia ser apresentado como pastor principal pela manhã. Caminhou ao redor da igreja por 30 minutos enquanto ela se enchia de pessoas para o culto. Somente 3 de cada 7 das 10.000 pessoas diziam "oi" para ele. Para algumas pessoas, ele pediu moedas para comprar comida. Ninguém na Igreja lhe deu algo. Entrou no templo e tentou sentar-se na parte da frente, mas os diáconos o pediram que ele se sentasse na parte de trás da igreja. Ele cumprimentava as pessoas que o devolviam olhares sujos e de julgamento ao olhá-lo de cima à baixo. Enquanto estava sentado na parte de trás da igreja, escutou os anuncios do culto e logo em seguida a liderança subiu ao altar e anunciaram que se sentiam emocionados em apresentar o novo pastor da congreação: "Gostariamos de apresentar à vocês o Pastor Jeremias Steepek". As pessoas olharam ao redor aplaudindo com alegria e ansiedade. Foi quando o homem sem lar, o mendigo que se sentava nos últimos bancos, se colocou em pé e começou a caminhar pelo corredor. Os aplausos pararam. E todos o olhavam. Ele se aproximou do altar e pegou o microfone. Conteve-se por um momento e falou: “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’ “O Rei responderá: ‘Digo a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’." Depois de haver recitado o texto de Mateus 25:34-40, olhou a congregação e lhes contou tudo que havia experimentado aquela manhã. Muitos começaram a chorar, muitas cabeças se inclinaram pela vergonha. O pastor disse então: "Hoje vejo uma reunião de pessoas, não a Igreja de Jesus Cristo. O mundo tem pessoas suficientes, mas não suficientes discípulos. Quando vocês se tornarão discípulos?". Logo depois, encerrou o culto e despediu-se: "Até semana que vem"! Ser cristão é mais que algo que você defende. É algo que vive e compartilha com outras pessoas. FICA A DICA.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A igreja de Esmirna

Lição 4 - Esmirna, a igreja confessante e mártir

Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
2º Trimestre de 2012
Título: As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja
Comentarista: Claudionor de Andrade
Subsídio: Francisco de Assis Barbosa, para o Blog Auxílio ao Mestre
Lição 4 - Esmirna, a igreja confessante e mártir
22 de Abril de 2012
TEXTO ÁUREO
 Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10c).
- A cidade de Esmirna gabava-se de sua fidelidade a Roma, agora sua fidelidade deve ser à Cristo (Mt 24.13).
VERDADE PRÁTICA
Nada poderá calar a Igreja de Cristo, nem a própria morte.
HINOS SUGERIDOS
48, 170, 607.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Êx 1.1-22
A perseguição de Israel no Egito
Terça - Êx 17.8-16
A perseguição de Israel no deserto
Quarta - Et 3.1-15
A perseguição de Israel no Império Persa
Quinta - At 8.1-3
A Igreja é perseguida em Jerusalém
Sexta - Ap 2.8-11
A Igreja é perseguida no mundo romano
Sábado - Ap 7.9-17
A Igreja será perseguida no final dos tempos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Apocalipse 2.8-11.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·Identificar as principais características da igreja de Esmirna (confessante e mártir).
·Descrever como Jesus se apresentou à igreja de Esmirna.
·Saber as condições da cidade de Esmirna.
Palavra Chave
Mártir: (Gr. Μάρτυς, "testemunha”). Quem é submetido a suplícios ou à morte, pela recusa de renunciar os seus princípios; Aquele que preferiu morrer a renunciar à fé, à sua crença.
COMENTÁRIO
(I. introdução)
“ESMIRNA’’ significa ‘’AMARGURA OU SOFRIMENTO’’.Esta palavra corresponde à substância MIRRA, que tornou-se símbolo da morte do Senhor (Jo 19.30). Esta igreja nos oferece um paradoxo: Esmirna era uma cidade rica e opulenta, mas a igreja era pobre e padecia das mais sórdidas calúnias e perseguições. Não obstante isso, era rica espiritualmente (“Mas tu és rico,” — v.9). Sofria perseguição pelos que se diziam judeus, mas aos olhos daquele que tudo vê, apreciada e elogiada. A perseguição jamais cessou, ela continua impiedosa, quer culturalmente, quer institucionalmente. No caso da Igreja de Esmirna Deus permitiu uma tribulação de dez dias: Ele determinou um tempo bem curto de permissivo sofrimento, pois Deus não nos deixa vir lutas e sofrimentos que não possamos suportar (I Co 10.13). Compartilhemos o testemunho de Esmirna. Mesmo pressionada pelo inferno, soube como manter-se nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Boa aula!
(II. desenvolvimento)
I. ESMIRNA, UMA IGREJA MÁRTIR
1. Esmirna, uma cidade soberba. Esmirna (Gr.Σμύρνη/Smýrni), atua Izmir, situada no sudoeste da atual Turquia, na região do Mar Egeu, a 56 quilômetros ao norte de Éfeso. Atualmente, é a terceira maior cidade da Turquia. A cidade conta mais de cinco mil anos de história, sendo uma das cidades mais antigas da bacia do Mediterrâneo. A cidade original foi estabelecida por volta do terceiro milênio a.C., quando compartilhou com Tróia a cultura mais importante da Anatólia. Ela era a mais esplêndida das sete cidades, e o orgulho da Ásia e era também afamada por seu porto e pela mirra que produzia. Utilizada na conservação de cadáveres, a essência era obtida espremendo-se a madeira da commiphora myrrha. Nesta cidade, desenvolveu-se a adoração ao Imperador, e os crentes dali sofreram imensamente por recusarem prestar culto a César.Durante o domínio romano, tornou-se um centro de idolatria oficial, conhecida como Guardiã do Templo (Gr. neokoros). Foi a primeira cidade da Ásia a construir um templo para a adoração da cidade (deusa) de Roma (195 a.C.). Em 26 d.C., foi escolhida como local do templo ao imperador Tibério. Na condição de centro religioso, em Esmirna eram adorados os deuses Cibele, Apolo, Asclépio, Afrodite e Zeus. Foram descobertas imagens, na praça principal da cidade, de Posêidon (deus grego do mar) e de Deméter (deusa grega da ceifa e da terra). Na época do Novo Testamento, Esmirna provavelmente tinha uma população de aproximadamente 100.000 habitantes. Por ser um porto excelente, facilitando o comércio entre a Ásia e a Europa, era uma cidade próspera.
2. A igreja em Esmirna. Informa Lucas que, durante o período em que Paulo ficou em Éfeso, na sua terceira viagem evangelística, “todos os habitantes da Ásia” ouviram o evangelho de Jesus (At 19.10). Pedro incluiu os eleitos e forasteiros da Ásia entre os destinatários de sua primeira carta (1Pe 1.1). É bem possível que a igreja em Esmirna, esteja incluída nestas citações. Mas, a primeira vez que ela é identificada por nome é nas citações no Apocalipse. Por isso, não temos informações específicas sobre esta igreja, além dos quatro versículos desta carta ao anjo da igreja em Esmirna. O pouco que sabemos é positivo. Esta carta elogia e encoraja, sem oferecer nenhuma crítica dos cristãos em Esmirna.Um dos mais notáveis bispos de Esmirna foi Policarpo (69-155 d.C). Diante do carrasco romano, não negou a fé em Cristo.Policarpo de Esmirna (c. 69 — c. 155) bispo de Esmirna no segundo século. Morreu como um mártir, vítima da perseguição romana, aos oitenta e seis anos. É reconhecido um dos grandes Pastores Apostólicos, ou seja, pertencia ao número daqueles que conviveram com os primeiros apóstolos e serviram de elo entre a Igreja primitiva e a igreja do mundo greco-romano. Policarpofoi ordenado bispo de Esmirna pelo próprio João. Com a perseguição, o bispo de 86 anos, escondeu-se até ser preso e levado para o governador, que pretendia convencê-lo de negar a Cristo. Diz a história que no ano 155, em Esmirna, o procônsul romano, Antonino Pio, e as autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé em sua avançada idade, a fim de alcançar sua liberdade. Policarpo, porém, proferiu estas palavras: "Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido Dele. Como poderei negar Aquele a quem prestei culto e rejeitar o meu Salvador?" […] Ameaça-me com fogo que queima por um momento e logo se extingue, pois nada sabes do julgamento que virá e do fogo da punição eterna reservada para os perversos. Mas, por que te demoras? Faze o que desejas”[1].
3. Esmirna, confessante e mártir. A igreja em Esmirna era confessional e mártir. Em Esmirna, os crentes eram dolorosamente esmagados sob as rígidas cláusulas da lei romana. Eram arrancados de suas casas, capturados nas feiras livres e levados cativos. César jogava toda a força de seu poderoso império sobre esta pequena igreja. E muitos desses santos já haviam selado seus testemunhos com o próprio sangue. Professando a Cristo, demonstrava estar disposta a sustentar-lhe o testemunho até o fim; sua fidelidade ao Senhor era inegociável (Ap 2.10). Em 81 d.C, assume o poder o mais cruel e insano dos imperadores, Domiciano, e logo inicia uma segunda onda de perseguição contra os cristãos, esta que é aquela perseguição a que Jesus se refere na carta à Esmirna.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A natureza da igreja de Esmirna era ser confessante e mártir. Professando Cristo, estava disposta a testemunhá-lo até a morte.
II. APRESENTAÇÃO DO MISSIVISTA
Esmirna era uma igreja pobre e perseguida localizada em uma bela cidade de grandeza comercial e opulência, com uma grande população judaica. Para os cristãos, adorar a César era uma traição ao Rei dos reis. [...] Ao invés de declarar: ‘César é Senhor’, os primeiros cristãos bravamente confessavam: ‘Cristo é Senhor!’ Como resultado, passou a Igreja a sofrer dolorosamente. A essa igreja ameaçada, apresenta-se Jesus como a própria eternidade: “Isto diz o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu” (Ap 2.8). Nem a morte pode separar-nos do amor de Deus (Rm 8.35).
1. O Primeiro e o Último. Primeiro (Gr. Protos; superlativo de pros: antes de, acima de), significando “o primeiro de todos” - em tempo, lugar, ordem e importância. Último (Gr. Eschatos, o extremo mais distante, com sentido de lugar e tempo). A expressão grega ho prótos kai ho eschatos, o Primeiro e o Último, com referência ao Messias glorificado, encerra o sentido de eternidade. Seu equivalente é o termo Alfa e Ômega de 1.8; a primeira e a última letras gregas, declaram que Deus é tudo, de A a Z, tem o controle sobre a história, seu poder é absoluto (Is 44.6). Ele é Alfa (Criador) e Ômega (aquele que introduz no novo céu e nova terra). Seu senhorio é latente no passado, no presente e no futuro, como sugerido pelo “que é... que há de vir” (Rm 8.18-25).
2. Esteve morto e tornou a viver (Ap 2.8). Quase igual a afirmação de 1:18, esta frase destaca a vitória sobre a morte na ressurreição. Na situação dos discípulos de Esmirna, encarando perseguições difíceis, seria especialmente importante lembrar da ressurreição de Jesus. O Senhor deles não fracassou diante da morte; ele a venceu! Eles, sendo fiéis, teriam a mesma esperança.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Jesus Cristo apresentou-se à igreja de Esmirna como o Primeiro e o Último; o que esteve Morto e Reviveu.
III. AS CONDIÇÕES DA IGREJA EM ESMIRNA
1. Tribulação (Ap 2.9). O Cristo glorificado passeia pelo meio dos candeeiros, viu o sofrimento de seus seguidores e da mesma maneira que ele se compadeceu dos angustiados na terra durante o seu ministério (veja Marcos 1:41), ele olhou com compaixão para aqueles que sofriam em Esmirna. Mesmo assim, ele não os poupou de toda a dor (2.10). A palavra “tribulação”, aqui, significa pressão que vem de fora. A palavra tribulação (Gr.thlipsis), significa esmagar um objeto, comprimindo-o. Descreve a vítima sendo esmagada, e seu sangue, extraído. Descreve pessoas esmagadas até a morte por uma enorme pedra. Também descreve a dor duma mulher ao dar à luz a filhos. Deus permitiu uma tribulação de dez dias, ou seja, Ele determinou um tempo bem curto de permissivo sofrimento, pois Deus não nos deixa vir lutas e sofrimentos que não possamos suportar (ICo 10.13).
2. Pobreza. Se Laodiceia de nada tinha falta, Esmirna carecia de tudo. O próprio Senhor reconhece-lhe a extrema pobreza: “Conheço a tua (...) pobreza” (Ap 2.9). Apesar de morarem numa cidade próspera, os crentes de Esmirna eram materialmente pobres , talvez em virtude da fé abraçada, fossem alvo de discriminação, e assim se tornaram pobres. É bem possível, também, que tivessem sacrificado seus recursos em prol do evangelho, como os macedônios fizeram para ajudar os irmãos necessitados alguns anos antes (2Co 8.1-9). Mas a pobreza material não tem importância quando há riqueza espiritual. Complementa o Cristo: “Mas tu és rico”. Sim, ela era rica, pois fora comprada por um elevadíssimo preço: o sangue de Jesus (1 Pe 1.18,19).
3. Ataques dos falsos crentes. “...e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás” (Ap. 2:9). A pergunta nesse texto é “QUEM SÃO ESSES JUDEUS?’’ Cremos que não sejam simplesmente o povo da Judéia ou os da raiz de Judá, mas também uma classe de pessoas religiosas e legalistas. Esses estão sempre no meio da Igreja tentando de alguma maneira atrapalhar a liberdade que nos é concedida na graça de Deus. Os tais estão sempre inventando alguma doutrina para tirar a paz e o sossego do irmãos, jogando uns contra os outros. Vemos claramente esses judeus atuando nos dias de hoje, arvorando assim: “Jesus já nos libertou com seu sacrifício na cruz, mas se você continuar desobedecendo o Sábado e comendo carne de porco vai ser aniquilado”; “Você minha irmã se continuar aparando as pontas do cabelo vai acabar indo para o inferno”; “Jesus nos deu poder, mas você tem que espalhar sal grosso pela sua casa se não o demônio não vai embora”. Essas e muito mais estão sendo espalhadas por ai, colocando julgo sobre as pessoas, impedindo-as de serem felizes na Graça do Senhor. Leiamos: “Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne (Cl 2.20-23). O Senhor declara que esses legalistas são da sinagoga de satanás e nos orienta a ficar longe deles. A declaração “Sinagoga de satanás” é dita pelo fato do desprezo que esses legalistas demonstram pela Graça (favor imerecido vindo da parte de Deus), jogando-a. Sabemos que a obra da cruz é a maior obra já realizada em favor do homem, sendo que o mesmo já não precisa fazer mais nada para ser salvo, só aceitar o que já está feito: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). [Prof. João Flávio Martinez - http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1176&menu=7&submenu=3].
4. Os crentes em prisão. O conforto oferecido por Jesus não é o livramento do sofrimento. Ele anima os discípulos em Esmirna a não desistirem por causa das tribulações que viriam logo. Covardes não têm esperança em Cristo (Ap 21.8). Pessoas que fogem da sua responsabilidade diante de Jesus por medo de sofrer não são dignas da comunhão com ele. Pessoas que ensinam que o servo fiel será próspero e livre de sofrimento nesta vida não acreditam nas palavras que Jesus mandou à igreja em Esmirna! O efeito da tribulação seria o de provar a fé desses cristãos. A sua lealdade a Cristo seria testada sob ameaças de morte. Mas a perseguição não continuaria para sempre.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
As condições humanas da igreja de Esmirna eram de tribulação, pobreza material e ataques caluniosos de falsos crentes.
(III. conclusão)
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”;Como em todas as cartas às igrejas, Jesus chama os destinatários a ouvirem a sua mensagem. Aqueles que permanecem fiéis diante das perseguições são vencedores com Cristo e de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte (20.6,14; 21.8). Aqueles que afrontam a Igreja podem até causar a primeira morte, mas os fiéis não sofrerão a segunda morte (Mt 10.28). Além das perseguições pelos judeus, a igreja de Esmirna enfrentava uma ameaça mais organizada e mais poderosa: a idolatria oficial, juntando a religião à força do governo. Somente os que conhecem a natureza da segunda morte não temem as angústias da primeira. “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante:
"Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Amós Política e Justiça Social como Parte da Adoração

Amós 
Política e Justiça Social
como Parte da Adoração

Assim diz o Senhor: Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas ou um pedacinho da orelha, assim serão livrados os filhos de Israel que habitam em Samaria, no canto da liteira e na barra do leito.

-Amós 3.12

Aborrecei o mal, e amai o bem, e estabelecei o juízo na porta; talvez o Senhor, o Deu dos Exércitos, tenha piedade do resto de José.

-Amós 5.15


Introdução

O assunto política sempre dividiu opiniões, e não é diferente quando se fala de política com cristãos. Esse tipo de assunto não costuma ter fim em virtudes das opiniões manisfestas por simpatizantes e antipatizantes a ideia de pessoas nascidas de novo estarem envolvidas com questões políticas nos governos em nossos dias.
Até que ponto Deus se interessa realmente por política e justiça social? É possível crer que a forma como vivemos delimita se Deus recebe ou não a nossa adoração a Ele devotada? Neste capítulo, veremos que a justiça social, praticada ou não por nos, interfere também em nossa relação com Deus.

Quem Foi Amós

Pouca coisa se sabe de Amós. Um dos poucos momentos em que encontramos na Bíblia uma referência á sua procedência ou origem é por ocasião da sua resposta a Amazias, sacerdote em Betel, que acusou Amós de ser um conspirador contra o rei: "E respondeu Amós e disse a Amazias: Eu não era profeta, nem filho de profeta, mas boieiro e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me disse: Vai e profetisa ao meu povo Israel" (Am 7.14,15). É possível entender que por ser uma pessoa de origem simples, e por suas atividades diárias-boieiro e cultivador de sicômoros-não haja registro de seus ancestrais. Sabemos que ele era da tribo de Judá, de um ligar chamado Tecoa, a 22 quilômetros de Jerusalém. Seu ministério foi exercido no Reino do Norte.
Amós talvez não fosse a pessoa mais indicada para trazer uma profecia nas circunstâncias em que ele se encontrava. Ele não era profeta ou, pelo menos, não tinha estudado para ser profeta! Tinha procedência simples, ainda mais para as pessoas ás quais iria profetizar: a classe dominante e sofisticada em Israel. A linhagem de Amós não era muito refinada também: ele chamou as mulheres ricas da cidade de "vacas", uma linguagem nada ortodoxa para aqueles dias. Mas foi esse homem que Deus escolheu para
trazer um duro juízo contra a sociedade israelitas corruptas e injusta.

Sua Mensagem 

Em primeiro lugar, Amós nos mostra que Deus se utiliza de quem Ele quer, e que Ele pode se utilizar de pessoas que, dentro dos nossos padrões, não seriam enquadradas como adequadas a certas funções. Amós era um homem rústico, de origem humilde, com um vocabulário limitado e nenhum compromisso com as normas cerimoniais que regiam a convivência dentro das suntuosas casas dos ricos israelitas.
Ele era de Judá, mas profetizou para Israel. E além de tudo, era um "leigo na igreja", ou melhor, não era uma pessoa acostumada com os trabalhos de liderança nem de administração dos sacrifícios e leis cerimoniais descritos no Pentateuco, Mark Dever diz que 

Muitas vezes Deus chama pessoas inesperadas para
servi-lo de formas surpreendentes, não é mesmo? 
Apenas rememore as histórias do Antigo Testamento.
O pagão Abraão tornou-se pai dos fiéis. O octogenário 
e gaguejante Moisés tornou-se o grande doador da Lei
e libertador de Israel. O jovem pastor Davi tornou-se
o maior rei de Israel... e Deus chamou Amós, o leigo 
da igreja e lavrador, para ser profeta de uma nação 
que parecia próspera e bem-sucedida.

O cenário religioso e social de Israel era de total descaso para com as coisas de Deus. Os sacerdotes se aproveitavam de suas funções para tratar de seus próprios interesses e se tornarem ricos. Quem tinha dinheiro podia comprar sentenças judiciais de juízes corruptos, usurpando o direito dos mais necessitados. Pai e filho dormiam com a mesma prostituta.
E todos tinha a certeza de que, se seguissem os rituais descritos na lei de Moisés, não precisavam se preocupar com suas vidas pessoais.
A situação era tão séria que Deus deu a Amós uma visão em que apareceu um prumo, um instrumento com o qual uma parede era medida, para que se verificasse se estava reta ou não. Com o prumo, um hábil construtor poderia ver se a parede poderia ser ou não aproveitada em uma reforma, ou se deveria ser demolida para que outra fosse colocada em seu lugar. E o prumo de Jeová mostrou que a parede de Israel estava torta. Essa falta de retidão não demonstrada apenas na forma como cultuavam, mas principalmente na forma como o mais abastados tratavam os mais crentes, exigindo deles tributos e fazendo pouco caso do que a Lei ordenava no tocante á ajuda necessária aos pobres. A profecia de Amós tinha por objetivo mostrar ao povo de Deus que a prosperidade financeira não poderia instituir a arrogância e a acomodação em relação á prática da justiça social.
A transgressão do povo era tão séria que vale a pena aqui recordar alguns versos que tratam da assistência e da justiça social em Israel. A Lei de Moisés trazia diversas observações sobre os cuidados que o israelitas deveriam ter uns com os outros:

ÊXODO 22.25
Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre
que está contigo, não lhe imporás usura. [Um
israelita não poderia cobrar juros a uma pessoa
pobre, com objetivos de enriquecimento pessoal.]
              
23.6 Não perverterás o direito do teu pobre na sua 
demanda. [As causas judiciais deveriam ser julgadas
de forma equilibrada. A parte mais fraca, o pobre,
não poderia ter seu direito pervertido pelo julgador.]

19.15 Não fareis injustiças no juízo; não aceitarás 
o pobre, nem respeitarás o grande; com justiça 
julgarás o teu próximo. [Aqui o norma obriga o juiz 
a realizar um julgamento juto, não privilegiando
nenhum dos que se apresentavam diante dele.]

25.35 E, quando teu irmão empobrecer, e as suas 
forças decaírem, então, sustenta-lo-ás como 
estrangeiro e peregrino, para que viva contigo. 
[Deus ordena que haja um auxílio no caso de um 
irmão não ter em si mesmo forças para trabalhar
e ganhar com o trabalho de sua mãos o seu sustento.]

25.39 Quando também teu irmão empobrecer, estando
ele com contigo, e se vender a ti, não o fará servir
serviço de escravo.[A Lei presava pela dignidade
humana dos israelitas, mesmo numa época em que 
a escravidão era aceita como uma prática social 
normal. O irmão pobre , que se vendia por uma 
questão de necessidade temporária, não deveria ser
tratado como escravo.]

Quando vemos que um dos pilares da verdadeira
religião é a preocupação e ação de auxílio para
com "os órfãos e as viúvas" (Tg 1.27), e que os 
israelitas estavam fazendo pouco caso daquilo que
a própria Lei ordenava, não devemos nos surpreender
que Deus tenha ficado tão irado com o seu próprio 
povo. O descaso com as coisas de Deus traz 
consequências sérias.

Deuteronômio

15.9 Guarda-te que não haja palavra de Belial
no teu coração, dizendo: Vai se aproximando o 
sétimo ano, o ano da remissão, e que o teu olho 
seja maligno para para com teu irmão pobre, e
não lhes dês nada; e que ele clame contra ti ao
Senhor, e que haja em ti pecado. [Esse mandamento 
proibia que um pobre que vendia seu trabalho a 
um irmão fosse liberado de suas obrigações sem
receber qualquer resultado do seu trabalho.]

15.11 Pois nunca cessará o pobre no meio da 
terra; pelo que te ordeno, dizendo: livremente 
abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu
necessitado e para o teu pobre na tua terra.
[Deus deixa claro que sempre haveria pobre em 
Israel, mas também mostra que os mais abastados
deveriam cuidar dessas pessoas, com generosidade.]
   
24.15 No seu dia, lhe darás o seu salário, e o 
sol se não porá sobre isso; porquanto pobre é,
e sua alma se atem a isso; para que não clame 
contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado. [Aqui
Deus trata do salário do trabalhador diário,
que não poderia ter protelada a sua entrega, sob
pena de Deus ouvir a oração do pobre e reconhecer 
o rico como uma pessoa em que havia pecado.]

Como tais normas foram esquecidas e pervertidas, Deus usou os profetas para trazer a memória do povo o seu próprio pecado:

Isaías

1.7 Aprendi a fazer o bem; praticai o que é reto;
ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai 
da causa das viúvas.

1.23 Os teus príncipes são rebeldes e companheiros
de ladrões; cada um deles ama os subornos e corre 
após salários; não fazem justiça ao órfão, e não 
chega perante eles a causa das viúvas.

3.14 O Senhor vem em juízo contra os anciãos do seu
povo e contra os seus príncipes; é que fostes vós
que consumistes esta vinha; o espólio do pobre está
em vossas casas.

3.15 Que tendes vós que afligir o meu povo e moer 
as faces do pobre?-diz o Senhor, o Deus dos Exércitos.

10.2 para prejudicarem os pobres em juízo, e para
arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo, e 
para despojarem as viúvas, e para roubarem os órfãos!

58.7 Porventura, não e que também que repartas o teu
pão com o faminto e recolhas em casa os pobres 
desterrados? E, vendo o nu, o cubras e não te escondas
daquele que é da tua carne?

Ezequiel

16.49 Eis que está foi a maldade de Sodoma, tua irmã:
soberba, fartura de pão e abundância de ociosidade 
teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a mão do
pobre e do necessitado.

Daniel

4.27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfase 
os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades,
usando de misericórdia para com os pobres, e talvez
se prolongue a tua tranquilidade.

Amós

4.1 Ouvi está palavra, vós, vacas de Basã, que estais 
no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que 
quebrantais os necessitados, que dizeis a seus 
senhores: Dai cá, e bebamos.

5.11 Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis
um tributo de trigo, edificareis casas de pedras
 lavradas, mas nelas não habitareis; vinhas desejáveis
plantareis, mas não bebereis do seu vinho.

8.6 para comprarmos os pobres por dinheiro e os 
necessitados por um par de sapatos? E, depois, 
venderemos as casas do trigo.

Zacarias 

7.10 e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente o mal cada
um contra o seu irmão, no seu coração.

Em lugar de ser um exemplo para as nações, os pecados
Israel excederam os dos gentios. Amós deixou claro
que o Reino do Norte, ainda que orgulhoso de sua 
história e recentes sucessos sob o reinado de 
Jeroboão II, era mais ofensivo aos olhos de Deus 
do que as nações vizinhas. 

Malaquias 

3.5 E chegar-me-ei a vós para juízo, e serei uma
testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra
os adúlteros, e contra os que defraudam o 
jornaleiro, e pervertem o direito da viúva, e do
órfão, e do estrangeiro, e não me temem, diz o 
Senhor dos Exércitos.


Essas citações selecionadas mostram o quanto Deus se preocupava com o bem-estar de seu povo, e o quanto Ele estava indignado com o descaso dos mais abastados em relação àqueles que pouco ou nada tinham. Para Deus, tal situação merecia um duro juízo. Deus sabia que pobre sempre existiriam em Israel, e deixou claro que eles deveriam ser assistidos.

Em que Aspecto a História de Amós Fala Conosco

A expressão, "justiça social" merece uma analise mais acurada em nossos dias, pois os profetas tratam desse assunto sem muita cerimônia. Nos dias desses homens de Deus, a justiça social referia-se ao cumprimento da lei no tocante ao próximo e ao respeito com que ele deveria ser tratado, independentemente de sua condição social. Em diversas citações, Deus acusa os Israelitas de agirem de forma ímpia para co seus irmãos menos favorecidos. A ideia de praticar a justiça social está declarada na Lei de Moisés, no trato com aqueles que precisavam de ajuda.
Deus é contra a riqueza?
De forma alguma. Como vimos em alguns versículos acima, Deus tratou de ricos e pobres. Os ricos deveria ter um coração generoso para com os menos abastados, de forma que aqueles que tinham muito não sentiriam falta daquilo que estavam oferecendo, e os que pouco tinham o necessário para sua subsistência. Esse era o padrão de Deus. Portanto, Deus jamais foi contrário às riquezas, mas também incentivou o auxilio como uma demonstração de justiça social. O problema era que os ricos descritos por Amós tinham acumulado muitas propriedades, esquecendo das necessidades de seus irmãos.
Aquela terra era , acima de tudo, do Senhor, e desprezar os pobres era o mesmo que ter descaso para com o concerto com Deus.Em lugar de ser um exemplo para as nações, os pecados Israel excederam os dos gentios. Amós deixou claro que o Reino do Norte, ainda que orgulhoso de sua história e recentes sucessos sob o reinado de Jeroboão II, era mais ofensivo aos olhos de Deus do que as nações vizinhas. Quando vemos que um dos pilares da verdadeira religião é a preocupação e ação de auxílio para com os "órfãos e as viúvas" (Tg 1.27), e que os israelitas estavam fazendo pouco caso daquilo que a própria lei ordenava, não devemos nos surpreender que Deus tenha ficado tão irado com seu próprio povo. O descaso com as coisas de Deus traz consequências sérias.

                           O livro

O livro de Amós possui nove capítulos, e é dividido em 3 seções:

I. O Julgamento Iminente, 1.1-2.16

A. Título e Tema, 1.1,2

B. Oráculos contra as Nações Vizinhas, 1.3-2.3

C. Oráculo contra Judá, 2.4,5

D. Oráculos contra Israel, 2.6-16

II. Sermões sobre o Futuro Julgamento de Israel, 3.1-6.14

A Relação de Israel com Deus, 3.1-8

A Pecaminosidade de Samaria, 3.9-4.3

A Profundidade da Culpa de Israel, 4.4-5.3

Exortação e Condenação, 5.4,15

O Aparecimento de Jeová, 5.16-25

Invasão e Exílio, 5.26-6.14

III. Visões e Epílogo, 7.1-8.3

AS Visões de Amós, 7.1-8.3

Pecado e Julgamento, 8.4-14

O Julgamento Inexorável, 9.1-7

Epílogo, 9.8-15

Profecias Cumpridas em Amós

Deus permitiu que o povo de Israel fosse enviado ao exílio, mesmo sendo um povo escolhido. As mulheres ricas da cidade, que ajudavam a oprimir os pobres, foram levadas como escravas (Am 4.1,2). Deus destruiu também os altares de Betel, que eram usados para a idolatria, e a destruição de Israel também se concretizou. Com o passar do tempo, Deus também cumpriu sua palavra de trazer de volta do exílio nos séculos IV e V, concretizando-se o plano de Deus: "E removerei o cativeiro do meu povo Israel, e reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor, teu Deus" (Am 9.14,15).

Junio Silvino de Souza